quinta-feira, 17 de março de 2011

Parkour é treino sério e consciente

Esse texto servirá para aliviar a ansiedade dos que estão começando, e para fazer rever os conceitos de quem se acha experiente o suficiente para não se submeter mais a um treino consciente.

Quem ta escrevendo esse texto é o Elvis, comecei com o Parkour em Barreiras entre o fim de 2005 e o inicio de 2006. Treinei em barreiras até ir embora no inicio de 2010, mas mesmo longe sempre estou por dentro do que ocorre na cidade, principalmente no cenário do Parkour. Durante esses anos de treino, muitos, mas muitos mesmo passaram a treinar, ou dizer que treinavam. Começavam e não chegavam há dois meses e desistiam, por quê? A resposta é múltipla, pode ser preguiça mesmo, não querer nada com a prática de uma atividade física e só ter começado a dizer que fazia Parkour por que era a moda do momento. Mas há também os que não paravam por isso, a moda não fazia diferença para esses, a evolução sim. Percebi que muitos estavam desistindo por não conseguirem uma evolução satisfatória, tanto da melhora da sua produção de força e de sua resistência quanto das técnicas aplicadas no Parkour. Por que isso ocorria? A resposta agora não múltipla é bem simples, falta de um treino bem direcionado, consciente, visando o desenvolvimento da resistência muscular, da explosão muscular, das técnicas essenciais para se fazer Parkour de uma forma que minimize ao máximo seus riscos.

O que é um treino consciente e bem direcionado? Não sou educador físico, nunca tive um a minha disposição. O conhecimento que possuo é empírico e limitado a artigos de sites sobre treinamento desportivo. Mas posso afirmar que não há um treino padrão, uma receita de bolo para se tornar um perito em Parkour, você está sempre em evolução, sempre aprendendo algo novo, nunca chegará a um ponto máximo. Particularmente eu focava meu treino no desenvolvimento da resistência aeróbica, ser capaz de correr sem parar durante quilômetros enfrentando todo tipo de obstáculo. Tinha os dias sagrados de descanso, sem eles você não irá á frente, são essenciais, tinha os dias dedicados somente á corrida, outros somente ao desenvolvimento da produção de força, energia anaeróbica, em outros era somente a técnica, por isso estava sempre evoluindo, conseguindo algo novo de verdade. Eu realmente treinava, não chegava a qualquer lugar e começava a pular e dizia estar fazendo Parkour. Por isso nunca me machuquei sério, por isso nunca desanimei e pensei em parar por que sentia que não estava indo além, por que não limitava meu treino á saltos aleatórios sem ter me preparado para tentar executá-los com excelência.

Hoje, tem o pirulito aí, educador físico em formação, qualquer duvida é só questioná-lo, ele vai explicar a necessidade do preparo físico, vai falar sobre a possibilidade de lesões, sobre programação de treinos específicos para objetivos específicos. Não desanimem quando verem Carlos treinando e não conseguirem imitá-lo, por favor, nem tentem, não enquanto não estiverem preparados. Supere a si mesmo, e não ao seu companheiro de treino, afinal, como o termo sugere, ele é só o seu companheiro de treino, não seu adversário.

Não fique pensando que tem joelhos de aço saltando de alturas absurdas, além de esta querendo desesperadamente chamar a atenção, você também está reduzindo o seu tempo de vida no Parkour e em qualquer outra atividade física que venha a querer praticar futuramente. David Belle, Os Yamakasi entre outros verdadeiros mestres dessa arte, treinaram durante anos, são fortes e resistentes e por isso saltam grandes alturas com facilidade, já estão preparados para isso.

Não sei se falei demais ou se deixei passar algo, mas creio que expressei o que é preciso para se chegar longe no Parkour e com segurança.

Um abraço aos novos e aos velhos praticantes. 

3 comentários:

Carlos Thomaz disse...

ótimo artigo parceiro!
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Vai fazer muitas pessoas refletirem sobre seus treino de PK e vai dar um estimulo nos novatos!

Me chamo Sapo (Lucas Mourão), disse...

Acho que faltou o "ingrediente" desafio... Você é motivado, sempre (não importa no que), pelos desafios. Podem ser mensais, semanais, diários ou anuais. O importante é ter alguma metas. Sem desafio tudo vira uma burocracia estritamente física.

Foi interessante o Elvis ter falado do risco de lesões. Eu mesmo começo a me questionar se é possível permanecer por 5, 10 anos na prática, superando seus limites sem em algum momento sofrer uma lesão no joelho (leia-se lesão de menisco, ligamentos cruzados anterior e posterior ou condromalácia)... E sabe o pior disso? Se vc tem uma ruptura de ligamento, ou qualquer dessas lesões descritas anteriormente, e opta por não tratá-la adequadamente os seus riscos de no futuro desenvolver uma artrose ( com direito a erosões ósseas, bicos de papagaio e desvios angulares) que te impeça até mesmo de caminhar são elevados. Muito elevados. É quase certo que no futuro você terá artrose...

Talvez exista um equilibrio possível entre superação e lesão. Um meio-termo. Talvez. Aos que se interessam pela prática o maior desafio é encontrar esse equilibrio. O famaso "être et durer".

Que o flow esteja com vocês (por muito tempo)!

Pensamentos reais disse...

Tenho bastante foco em evitar lesões, justamente por que já fui vitima de uma, não foi com o Parkour, foi com a corrida. Fiz uma longa que eu não tava preparado ainda para fazer com segurança. Condromalácia, foi tenso, remédio, tratamento e as porra.
Treinar, mas com foco na segurança a longo prazo.
abrass.